Opeth
2011
O Mikael bem tinha avisado que «Heritage» seria um álbum diferente da linha mais extrema que têm seguido, mas neste momento esta era a sonoridade que fazia todo o sentido para ele e restante banda, mesmo tendo a plena noção de que isso não ia agradar aos fãs da vertente mais death metal da banda. E assim são os Opeth, fazem o que lhes agrada… como o concerto no Vagos Open Air em que, ao dar a introdução para a Hex Omega, o irreverente frontman anuncia: “vamos tocar uma música que sabemos que não está entre as vossas preferidas, mas nós gostamos de a tocar… Por isso vamos tocá-la.”
«Heritage» é isto mesmo. Cada música transpira dessa atitude descomprometida de uma banda que, apesar do estatuto, se esta a divertir e a tocar aquilo que sentem no momento, fazendo-o conscientemente. Este é provavelmente o álbum mais despreocupado de Opeth, não no que ao cuidado técnico e qualitativo diz respeito, mas sim em relação às críticas. Exemplo disso é «Slither», uma faixa tributo a Ronnie James Dio, directa e muito cativante.
«Folklore» é o momento alto do álbum. O som que se ouve é rock progressivo de la Opeth. A secção rítmica é brilhante e mesmo não tendo a pujança já conhecida, não deixa de ser tecnicamente irrepreensível, com o Martin Axenrot a ter alguns acessos de genialidade ao longo de todo o álbum. A diversidade de instrumentos tocados encaixa perfeitamente nesta sonoridade que só peca pelo facto de algumas passagens rítmicas caírem num estado quase parado, o que ocorre demasiadas vezes: «I Feel the Dark», «Haxprocess» e «Famine» são fortes exemplos disso. Mas não é por isso que «Heritage» passa a ser um mau álbum ou que estas músicas em questão passam a ser más. Pelo contrário, sabe ainda melhor se ouvido como um todo e com paciência para os muitos pormenores que contem. - 8,5/10