quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Cuidado Com o Que Desejas [7ª Arte]

Change-Up (imdb)
Comédia - 112 min
2011

Dois amigos inseparáveis – um solteiro com a mania que é actor; o outro casado, com 3filhos e uma carreira de advogado bem estruturada - invejam a vida um do outro, desejam poder fazer essa troca… e por magia, acordam no dia seguinte com o corpo e, consequentemente, o dia-a-dia do parceiro, com tudo o que isso implica, seja bom ou mau. Até que chegam à conclusão que a vida que têm é a vida que na verdade querem viver.

A lengalenga já não é novidade no cinema: acordar dentro de um corpo que não o seu. A questão aqui está em como inovar algo que já foi feito tantas vezes? Cuidado Com o Que Desejas responde como uma comédia para adultos, com uma implícita lição de vida e momentos de riso memoráveis (adorei aqueles bebés). - 7,8/10

Heritage [1ª Arte]

Opeth
2011

O Mikael bem tinha avisado que «Heritage» seria um álbum diferente da linha mais extrema que têm seguido, mas neste momento esta era a sonoridade que fazia todo o sentido para ele e restante banda, mesmo tendo a plena noção de que isso não ia agradar aos fãs da vertente mais death metal da banda. E assim são os Opeth, fazem o que lhes agrada… como o concerto no Vagos Open Air em que, ao dar a introdução para a Hex Omega, o irreverente frontman anuncia: “vamos tocar uma música que sabemos que não está entre as vossas preferidas, mas nós gostamos de a tocar… Por isso vamos tocá-la.”

«Heritage» é isto mesmo. Cada música transpira dessa atitude descomprometida de uma banda que, apesar do estatuto, se esta a divertir e a tocar aquilo que sentem no momento, fazendo-o conscientemente. Este é provavelmente o álbum mais despreocupado de Opeth, não no que ao cuidado técnico e qualitativo diz respeito, mas sim em relação às críticas. Exemplo disso é «Slither», uma faixa tributo a Ronnie James Dio, directa e muito cativante.

«Folklore» é o momento alto do álbum. O som que se ouve é rock progressivo de la Opeth. A secção rítmica é brilhante e mesmo não tendo a pujança já conhecida, não deixa de ser tecnicamente irrepreensível, com o Martin Axenrot a ter alguns acessos de genialidade ao longo de todo o álbum. A diversidade de instrumentos tocados encaixa perfeitamente nesta sonoridade que só peca pelo facto de algumas passagens rítmicas caírem num estado quase parado, o que ocorre demasiadas vezes: «I Feel the Dark», «Haxprocess» e «Famine» são fortes exemplos disso. Mas não é por isso que «Heritage» passa a ser um mau álbum ou que estas músicas em questão passam a ser más. Pelo contrário, sabe ainda melhor se ouvido como um todo e com paciência para os muitos pormenores que contem. - 8,5/10

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Until Fear No Longer Defines Us [1ª Arte]

Ghost Brigade
2011

Acompanho o trabalho que tem vindo a ser feito por estes finlandeses e a sensação com que fico ao terminar de ouvir este «Until Fear No Longer Defines Us» é: apenas com 3 álbuns na bagagem e 6 anos de existência, Ghost Brigade deixaram de ser uma banda influenciada pela sonoridade de outras (Katatonia ou Cult Of Luna, para servir de exemplo) e passaram a ser eles próprios uma influência. O doom/death metal melódico, misturado com a melancolia de um embalador “post”-rock depressivo, dão um toque único à sonoridade praticada pelo grupo.

A evolução é notória. Não tendo nenhum dos álbuns anteriores sido sequer abaixo da média, este último é sem dúvida o melhor, mais forte, consistente e melódico.
Não existe uma má música. A «Chamber» puxa o arrepio, «Grain» e «Breakwater» são uma sequência brilhante e «In The Woods» juntamente com «Soulcarvers» fazem, respectivamente, um excelente inicio e inesquecível final.

Da talentosa voz do Manne Ikonen aos inspirados e contagiantes riffs, das malhas mais pesadas e guturais às mais catchies e de voz limpa (a um pouco de ambas), «Until Fear No Longer Defines Us» é feito de músicas que seguem um caminho de agradável atmosfera sombria, o qual dá vontade de percorrer durante muito tempo. - 8,8/10

sábado, 17 de setembro de 2011

A Mentira Sagrada [6ª Arte]

Luís Miguel Rocha
2011
Porto Editora 
408 páginas

Há segredos que o Vaticano guarda capazes de pôr em risco todas as verdades pregadas pela Igreja. Um multimilionário israelita tem em sua posse documentos que sustentam esses segredos e, se caírem nas mãos erradas, podem desmoronar a soberania exercida pela entidade religiosa com mais fiéis em todo o mundo.
Quem foi Jesus Cristo? A Bíblia conta toda a verdade?

Antes de tudo um conselho: não começar a ler este livro sem a certeza de ter o tempo e disposição necessários para tal. A intriga e o suspense são brutais e contagiantes, mas os acontecimentos e personagens são tantos que, se não for lido ininterruptamente, podem baralhar.
Descrevo-o como um romance-policial-histórico-religioso porque, ao fim de contas, é disso mesmo que se trata. Cheguei a dar por mim sem conseguir distinguir o que poderia ser real ou puramente fictício. Um livro em que se aprende muito e no qual até os mais fortes de fé podem ceder.