segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Unto The Locust [1ª Arte]

Machine Head
2011

Aqui está uma banda de extremos: ou se ama ou se odeia e são muito raros os casos que ficam no meio-termo. Verdade seja dita também que no correr da sua já considerável carreira, onde contam quase 20 anos de existência, os Machine Head tiveram altos e baixos. Curiosamente os pontos mais altos centram-se no primeiro álbum, «Burn my Eyes» (1994), e no grande marco que foi o político «The Blackening» (2007), com uma sonoridade e groove diferentes que criavam toda uma atmosfera mais introspectiva, carregada de variações de velocidade e melodias que se entranhavam no ouvido. Era à custa deste último álbum que a fasquia se encontrava alta, talvez demasiado subida até, para a recepção de «Unto The Locust», tornando-o assim um dos álbuns mais aguardados de 2011.

Muito sinceramente, se tivesse decidido escrever esta critica após as primeiras 2/3 audições do álbum a apreciação não seria nada positiva pois «Unto The Locust» soava-me demasiado directo e até estranhamente foleiro, principalmente em alguns refrões, trazendo o «The Blackening» à memoria, constantemente a assombrar o seu sucessor e a pedir para ser rodado na sua vez… Não podia estar mais errado, essa é a verdade.

Assim que me foquei em por de parte esse fantasma, sem me dar conta de tal, o álbum foi crescendo de pormenores. «I Am Hell (Sonata in C#)» começa com algo diferente de tudo o que já fizeram, muito clerical e em latim, para de seguida dar uma espécie de aviso preparatório para a devastação que logo começa a lavrar através de riffs contagiantes, uma secção rítmica espessa e até um momento de guitarras acústicas, violinos e violoncelo. A partir daqui é um desfilar de músicas pujantes: «Locust», tida pelo vocalista Robb Flynn como uma metáfora sócio-politica, agarra pelos colarinhos com um refrão “cantável” e grandioso; «Be Still And Know» e «This Is The End» envolvem nas suas inesperadas mudanças de velocidade assim como a «Pearls Before The Swine» (ouça-se a parede que cai sobre nós a partir dos 04min:27seg por exemplo).

Recai sobre «Darkness Within» e «Who We Are» a importância de serem os temas memoráveis do álbum por um único motivo: a diferença. Pessoalmente, depois da estranheza inicial, acabei por gostar bastante de ambas as músicas mas digo memoráveis porque acredito que, para o bem e para o mal, «Unto The Locust» será lembrado como “aquele que tinha uma balada meia acústica com voz limpa e um coro de crianças a cantar um refrão”.

Resumindo e concluindo: não goza do estatuto épico de um «The Blackening» mas não lhe fica muitos pontos abaixo e transpira MH por todos os poros que, ao final de contas, é o que se lhes pede que façam. - 8,8/10